
Ela tinha oito anos. Levava um vestidinho de bolinhas vermelhas com fundo verde. Caminhava graciosa, segurando uma caixinha de madeira na altura do peito. E umas sandalinhas vermelhas, combinando com o vestido.
Passara os últimos três dias preparando o presente. Era uma caixinha de surpresas.
Estava convencida de que qualquer um gostaria daquele detalhe. Ia serena, com um sorrisão que mostrava a janelinha.
Ele era seu vizinho. Pequenino também. Só queria saber de jogar bola com os amigos. E corria tão rápido! Costumava usar um uniforme da escolinha de futebol que freqüentava. Verde e branco. E os cabelos grudados no suor da testa.
Ela tocou a campainha. Uma mulher gorda com uma vassoura na mão abriu a porta. Perguntou por ele. Peraí. Ei, menino! Já vou. Oi. Oi. E estendeu as mãos, oferecendo-lhe a caixinha.
Ele não esperava. Não estava preparado para tanta doçura. E reagiu, de uma maneira que é comum às crianças. Rejeitou. Não aceitou. E fechou a porta.
O sorriso se apagou e deu lugar a umas pequenas lágrimas. Pela primeira vez havia sido apunhalada. Mas o tempo curou. Várias outras punhaladas, sentiu.
E segue por aí, tentando encontrar alguém que goste da caixinha de surpresas.
Um comentário:
Fofa!
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