quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Eu estava de mudança...


Eu tava de mudança. Enchi minhas duas malas de tralha pesada. Nesse momento me dei conta da quantidade de coisas que uma pessoa pode acumular em alguns poucos meses. Bom, apelei pras sacolas e bolsas. Ainda assim me faltava espaço. Olhei pra cama. Afff! Ainda faltava muito... fiz uma trouxa enorme com a colcha mesmo. Beleza! No total eram uns sete volumes.

Eu olhava pra tudo aquilo e ria. Como eu ia descer tudo? Resolvi tentar de táxi. Comecei a descer – quatro andares, sem elevador – o mais pesado. Deixava uma mala no térreo e subia correndo pra buscar outra, com medo de que me roubassem a primeira. Será mania de brasileiro?

Tive que fazer duas viagens de táxi. Enfim, na segunda viagem, já descabelada e com fome, o taxista parou numa esquina pra eu descarregar as coisas. Eis que surge um casal vindo em nossa direção.

Vocês não podem parar aqui. Estão interrompendo a passagem – disse o homem.

Sim, senhor, mas eu estou de mudança... será que você não pode desviar dois metros pra direita e passar? – ponderei, eu.

Não. Tira essas malas pra eu passar.

Que?

Quero passar. Você está bloqueando a rua.

Tá de sacanagem? Dá a volta, cara. Recua dois metros e passa!

Nesse momento, o taxista, apressado, tirou as malas do meio do caminho do mala-mór. Passaram, ele e a mulher, que resmungava e assentia com a cabeça. Iam cheios da razão, plantando discórdias por aí.

Eles passaram e eu não me agüentei.

Cara, e o bom senso? Eu estou me mudando... estou tirando minhas coisas e o táxi já vai... são três minutos.

E o que me importa se você está de mudança?

E o que me importa se você é um grandíssimo filho da puta?

Ele seguiu, sem olhar pra trás. Ciente de sua condição de amargado.

Eu fiquei tremendo, nervosa. Não tenho o costume de gritar ofensas na rua. Mas é que acho que tem gente que merece um sacode de vez em quando. E essa máxima que diz que “você dá o que recebe” é a mais pura verdade.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Madrid


Madrid, numa tarde quase primaveril, deixando transparecer todo seu erotismo.

Ou seriam os olhos da fotógrafa?

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Carnaval


Ontem foi noite de carnaval em Madri.

Passaram batmans, robins, noivas, bruxas, romanos, vacas, vikings... Houve de tudo na avenida. Teve muito beijo e algumas brigas. Encontros, reencontros e desencontros. Cerveja, vinho e uísque. Viado, macho e bi. Sóbrias e ébrias. Sós e acompanhados. Havia de tudo um pouco.

Tudo passa...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dulce de Banana



Ela está sozinha em seu quarto, diante do computador, com dor nas costas e com a cabeça cheia.

Escuta algo que soa ritmado e alegre ao fundo. Não sabe bem o que fazer. Caetano a leva embora por uns minutos.

Há um frasco com tampinha azul de Dolce & Gabanna. Dulce & Banana. Dulce de Banana.

E volta ao que estava fazendo, ou seja, tentando esvaziar a cabeça. Sente o peito aliviado e apertado ao mesmo tempo.

Escreve uma lista de coisas que tem que fazer. Escreve com força, marcando o papel. É hora de se concentrar, pensa. Concentrar em relaxar.

Complicado isso!

E, assim, fica horas. No seu microcosmo. Tentando se recuperar do fim-de-semana mais terapêutico (terapia de choque) dos últimos dois anos.

E sentindo o couro endurecer.

Tinha sido exposta a muita informação, ainda não lhe havia dado tempo digerir tudo aquilo.

Dulce... e que seja mais doce, pensava.

Caixinha de surpresas


Ela tinha oito anos. Levava um vestidinho de bolinhas vermelhas com fundo verde. Caminhava graciosa, segurando uma caixinha de madeira na altura do peito. E umas sandalinhas vermelhas, combinando com o vestido.

Passara os últimos três dias preparando o presente. Era uma caixinha de surpresas.

Estava convencida de que qualquer um gostaria daquele detalhe. Ia serena, com um sorrisão que mostrava a janelinha.

Ele era seu vizinho. Pequenino também. Só queria saber de jogar bola com os amigos. E corria tão rápido! Costumava usar um uniforme da escolinha de futebol que freqüentava. Verde e branco. E os cabelos grudados no suor da testa.

Ela tocou a campainha. Uma mulher gorda com uma vassoura na mão abriu a porta. Perguntou por ele. Peraí. Ei, menino! Já vou. Oi. Oi. E estendeu as mãos, oferecendo-lhe a caixinha.

Ele não esperava. Não estava preparado para tanta doçura. E reagiu, de uma maneira que é comum às crianças. Rejeitou. Não aceitou. E fechou a porta.

O sorriso se apagou e deu lugar a umas pequenas lágrimas. Pela primeira vez havia sido apunhalada. Mas o tempo curou. Várias outras punhaladas, sentiu.

E segue por aí, tentando encontrar alguém que goste da caixinha de surpresas.

Que bode...


Bode...
Eu não quero esse bode
Esse bode é igual
Àquele Carnaval
Que eu passei sem você
Vê se pode...
Sustentar esse acorde
Acordar pra saber
Pra me reconhecer
No minuto final

Você foi um sucesso
Na minha vida
O meu lado do avesso
O começo da minha vertigem
A origem do meu velho nó

Você é um fracasso
Do meu lado esquerdo do peito
Uma corda de nylon de aço
Que arrebenta quando eu faço um dó


De Sérgio Sampaio

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

É hoje!!!


Hoje é dia de Iemanjá!

Odô Iá, minha Mãe!

Axé!