segunda-feira, 18 de maio de 2009

O hippie inocente

Ele era um desses hippies filhinhos de papai, com conta corrente, cartão de crédito, carro... riponga de mentira, sabe? Ele fazia um tipão de que era muito desprendido das coisas materiais e tal, mas ai de quem metesse a mão no seu potinho de erva.

Estrangeiro inocente, chegou ao Marrocos sem dar-se conta de que estava na África. Queria conhecer as profundezas daquela terra e daquela gente, tão amigáveis aos seus olhos de europeu.

Ao observá-lo, eu experimentava uma mistura de raiva e de pena. Raiva por identificar prepotência em todos os seus atos. E pena por não conseguir entender como ele podia ser tão tolo. Afinal, aos 30 anos, ele não era mais um garotinho.

Incapaz de dar-se conta que era, aos olhos da gente da terra, um saco de dinheiro em potencial, preferia acreditar que estava agradando, fazendo amigos. E talvez pensasse que sua barba ruiva lhe fazia parecer um nativo. Quanta inocência!

Não foram precisos muitos dias para que sua particular tolice lhe propiciasse grandes emoções.

terça-feira, 12 de maio de 2009

É hoje!


Vai chegando ao fim a minha temporada no Solar da Paz. Depois de quinze dias instalada nesse retiro espiritual, respiro fundo, olho pela janela e deixo Madrid entrar. Vou morrer de saudades. Eu sei.

Mas hoje é dia de festa e nao tenho tempo para pensar na partida. Nem quero. Tenho que comprar o absinto, o rum e a vodca que prometi. Além do gelo, do jamón, da tortilla e do tabaco.

Aproveito o dia ensolarado e ponho aquele vestidinho que nao uso desde o verao passado. Acordei serena depois de mais uma noite povoada de sonhos e decidi que essa despedida vai ser encarada como um “até logo”. Nunca gostei de “adeus”.

É com um sorriso à la Carmem Miranda e com essa alegria brasileira que deixo os meus amigos e volto pra minha terra.