sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Anjo Negro


Eram amigos inseparáveis desde a infância. Com o tempo, as brincadeiras foram mudando. Abandonaram o pique-pega, as bicicletas e as pandorgas. Cigarrinhos de palha e goles de cachaça às escondidas eram mais divertidos. O pai dela emprestava o carro nos fins de semana, mas com uma condição: o amigo tinha que ir junto.

Certa vez, numa dessas deliciosas aventuras de fim de semana, se embriagaram, fumaram, dançaram, aprontaram. Já era madrugada e eles estavam voltando pra casa. Ela dirigia e eles se perderam na entrada da cidadezinha. Estavam no meio do nada, no meio do mato. Completamente embriagados, não viram o mato-burro logo em frente e caíram no buraco. Conseguiram empurrar o carro pra fora, mas o pneu estava furado. Entreolharam-se. Nenhum dos dois sabia por onde começar. Começaram a rir.

De repente, um homem alto, forte e negro surgiu, não se sabe de onde. Aproximou-se dos dois e sem dizer nenhuma palavra, começou a trocar o pneu. Deve ter levado uns quinze minutos, no máximo. Estiveram, os três, o tempo todo em silêncio. O homem terminou de trocar o pneu e seguiu, sem olhar pra trás. Desapareceu em poucos segundos. Nunca mais o viram.

Quem me contou essa história foram eles mesmos, hoje meus amigos também. E me disseram mais: que aquele homem era, sem sombra de dúvida, um anjo. Um anjo disfarçado de homem, que como veio se foi, sem deixar rastros.

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