quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Engraçado...




Engraçado como a minha relação com as coisas mudou. Com a distância (física, afetiva, geográfica...), com o espaço, com o dinheiro, com as pessoas, com as idéias.

Por exemplo, eu vivo numa não-casa. Ok, eu chamo de casa, mas não se poderia. São alguns poucos metros quadrados totalmente equipados para você brincar de casinha. Só que tem um detalhe. Estou no centro da cidade, com uma baita qualidade de vida.

Engraçado...

Hoje cheguei em “casa” e vim ler meus emails. Engraçado como em poucos minutos, eu estava totalmente envolta pela atmosfera de Brasília. Recebendo boas notícias, lembranças, sentindo saudades, escutando boa música.

Aí levanto os olhos e vejo as quatro mandarinas que ainda restam. Eram umas doze, mas estão tão docinhas... Tive que comê-las. As maças seguem sendo seis. Essas são pros santos. Ninguém toca. Até porque não há alguém. Aqui.

Fora de casa existem muitos alguéns, tem o chino da esquina, tem o francês louco, tem o dono do apê (que fala pra caralho), tem o Juan Pedro (que não consegue pronunciar o “v”), tem a Maria da Paz (titia), tem o Chico, o Caê, o Vinicius, a Bethânia, o cara que instala o elevador (e que não termina nunca), a tímida Raquel, o figura do Ignácio, o guapo do Gael, os garçons (sempre! Viva o Arleudo e o Cícero! ), o carinha do metrô...

Hum... Adoro o cheiro da mexerica! O cheiro que deixa nos dedos, embaixo das unhas. Adoro essas minúsculas gotículas que saltam delas quando estamos descascando. Adoro observar os poros da casca.

Ai, e são dessas pequenininhas, que tem no sul, com a casca bem fininha, que dá pra comer quatro!

E tem uma lâmpada queimada em cima da pia. E uma xícara de café sem café. E um flamenco tocando atrás.

E o peito sente. Algo.

E as Marietas vão por aí, perdidas. De propósito.

E a Cazarré segue por aqui. Comendo mexericas, com dor nas costas e com saudades de tudo aquilo que ainda não viveu.

Um comentário:

isa disse...

lindo teu texto, marieta!
e engraçado: tem uma musica que eu compus há muito tempo que tem exatamente esta frase: saudades daquilo que ainda não viveu.
interessante, nao?
beijos!