terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Um árabe-francês


Era uma vez um árabe-francês.

Ou seria um franco-árabe?

Não sei. Mas isso não importa.

Era uma vez... um senhor lindo e forte. Ele se parecia muito com o Alberto do filme Cinema Paradiso, sabe?

Eu, perto dele, me sentia como Totó (Salvatore), pequenina. Olhava pra ele com esse olhar de admiração e encanto que as crianças costumam ter.

Que doçura...

Era como se o conhecesse desde sempre.

Mas, diferente de Alberto, não era projetista de cinema. Era fazedor de sapatos. E vendedor.

Diferenciava-se dos outros vendedores pela serenidade. Enquanto os outros gritavam e insistiam, ele deixava escolher, olhar, tocar...

Vez ou outra contava alguma pequena história de seus tempos na Europa. Podia-se sentir o saudosismo na sua voz. Mas não era tristeza. Ele estava contente.

Ali era o seu lugar. Ele pertencia àquela gente, àquela terra.

Era feliz entre os sapatos e o cheiro do couro.

Seu nome para mim não importa mais.

Me lembro dele como o encantador...

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