terça-feira, 23 de setembro de 2008

Madrid e os madrileños

Dados demográficos, geográficos e populacionais

Clima:

No verão, faz calor. No outono, as flores caem. No inverno, faz frio. Na primavera, as flores nascem e o ar primaveril contamina os corações.

Geografia:

Cidade bombardeada durante a Guerra Civil, portanto, apesar de muitos prédios antigos, predominam as construções recentes. Aliás, a cidade vive em obras. Algumas avenidas largas, mas o encanto está nas pequenas ruas.

População:

Alguns poucos milhares de espanhóis e muitos milhares de equatorianos, brasileiros, chineses, colombianos, bolivianos, peruanos, chilenos e afins.

Vida noturna:

Se caracteriza por pequenos bares com muita fumaça e muito barulho. Em geral, fedem a cerveja e jamón. Servem porções de azeitona, batata, pão, queijo, embutidos e um pouco mais. Ah, cerveja e vinho também.

Flamenco:

Ritmo (música e dança) trazido pelos ciganos que, apesar de espanhóis, não são reconhecidos como tais.

Ciganos:

Povo sem origem definida. São reconhecidos pelos longos cabelos negros e sedosos, correntes de ouro, dentes de ouro e fivelas de ouro. São barulhentos, podem te assaltar e cantam ou dançam flamenco.

Madrileños:

Povo simpático ou não. Em geral bebem e fumam muito, além de falar muitos palavrões. São exagerados e, nesse aspecto, se assemelham aos paulistas. “Madrid é a melhor cidade da España, aqui se come o melhor jamón, a melhor caña, o melhor vinho, as melhores azeitonas...” Ah, e se identificam pelos bairros de origem. Igual à Sampa!

Gastronomia:

Tortilla de batata, vulgo omelete. Pão, azeitona e vinho ou cerveja (depende da estação do ano). Comem também calamares, boquerones, pulpos, paella, cocido e mais pão.


Hábitos:

Estão habituados ao top less, à tortilla, à siesta, ao flamenco e ao álcool.

Outra vez... a mesma lenga-lenga...



Tô aqui tentando e escrever e etc, etc, etc. blá-blá-blá.

Ninguém agüenta mais o mesmo discurso esfarrapado de que a inspiração não vem.

Como diria OldCaza, o lance é cu na cadeira. Sem cotovelos na mesa e rabo na cadeira, não rola. Ou você acha que é assim: “Caramba, comecei a escrever e foi como uma avalanche... não conseguia parar... a história ia saltando de meus dedos e colorindo as folhas de papel...”

Isso não rola. Ou melhor, pode até rolar, mas aí é sorte. E um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

É melhor não ficar esperando e botar a cabeça pra funcionar. Pensar, pensar, escrever, apagar, escrever, apagar...

Um dia rola. Certamente sairá algo mais interessante que isso, por exemplo.

Eu seguirei tentando.

Oh, vida cruel!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Um caminho


Para aquela garota, de alguma forma, aquele era um momento de ruptura, de cambio. Só que era um momento diferente... Não era um momento, momento. Era uma sucessão de curtos e longos momentos que não acabava.

Era como se aquele ano passasse em etapas, em que os objetivos iam mudando a cada obstáculo vencido. Era como se o “destino” estivesse provando suas possibilidades... Como uma criança que experimenta até onde pode chegar.

Era uma avalanche de acontecimentos que iam empilhando-se uns aos outros e criando sempre uma nova realidade, um novo momento.

“Não sei onde eu tô indo, mas sei que eu tô no meu caminho.” Raul.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Brasília*


Brasília,

cidade querida!

Você não me convence com suas ruas retas e paralelas.

Você me encanta com seu jeito torto, cheio de gente louca.

Tem quem diga: em Brasília, pra onde você olhe, tudo é igual.

Mentira!

Só quem realmente conhece essa utopia sabe que aqui nada é igual.

Tudo é bem único. E nós nos apaixonamos por cada detalhe, cada sutileza, cada árvore, cada esquina.

Adoro você! Mas, como em qualquer história de amor que se preze, deve haver um momento de ruptura. Para que depois o reencontro seja mais gostoso. Para que matar a saudade seja inesquecível.

* esse texto escrevi antes de vir, em novembro de 2007.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Uma cidade que desaba



Madrid, essa cidade que há poucos meses parecia inatingível e que agora é um pouco minha, desaba.

Desaba água, granizo, trovões e raios. Desaba como se fosse uma mulher, forte e poderosa, que, em um determinado momento, não contém as lágrimas.

Digo que parece uma mulher porque vejo muito de feminino nela. E porque não posso deixar de relacioná-la com Brasília, outro mulherão. Desses que deixam os homens (e agora me refiro à raça humana) sem ar, secos, desidratados, boquiabertos.

São duas grandes cidades, como têm que ser, no feminino. São duas potencias de qualquer coisa. E não me refiro ao caráter político, que é masculino; me refiro à natureza, à beleza, que são femininas.

Às vezes eu paro pra pensar no significado das cidades... até porque elas são tantas e tão variadas... e, de alguma maneira, moldam quem vive nelas.

Sempre falamos de Brasília, tão geométrica, tão sem esquinas, tão plana e alta... Certamente, e muita gente corrobora com essa hipótese, ela influencia a vida de quem nela vive. Assim como todas as outras cidades.

Cada vez mais eu compreendo essa necessidade que o ser humano tem de se localizar no espaço.

“E você, da onde é?”

Sempre estamos querendo saber a que universo os outros pertencem, assim podemos entender-los melhor. Por exemplo, faz toda a diferença ser de Brasília ou do Rio, que, apesar de maravilhosa, é uma cidade no masculino. Assim como faz toda diferença ser de Nova Iorque ou de Tóquio.

É... nós somos mesmo um pequeno quebra-cabeças, onde cada pecinha faz a diferença.

Eu sou de Brasília. Para sempre. Mas levo comigo um pedaço gaúcho. E, mais recentemente, um “trozo madrileño”, com certeza.

Hasta porque, el bailao nadie me lo quita.

sobre a brevidade das coisas



Eu estive sentada nessa mureta, provavelmente, uns trinta segundos... Suficiente tempo para que Anita tirasse a foto e seguíssemos caminhando por Paris.

O fundo tampouco era muito espetacular e encantador... mas, paramos aí, vai saber deus porquê, e batemos fotos, uma da outra.

Pois é, aquele momento passou. Mas a foto ficou.

Assim é a vida.

Esse momento, especificamente, não vai deixar marcas profundas em nossas vidas. Nem na minha, nem na da Tita, embora eu esteja segura de que a viagem, como um todo, tenha sido inesquecível.

Outras lembranças falarão mais alto na hora em que nos sentarmos, seja com a Ju, seja com a Cadija, seja com nossos pais, seja com quem for, pra contar as tantas histórias. Mas esse momento, inexplicavelmente, ficará registrado enquanto essa foto existir.

Assim é a vida.

Existem momentos aparentemente tolos, que, sem que percebamos, nos marcam a vida pra sempre. E não me refiro especificamente a nada.

Me refiro justamente a essa coleção de não-momentos que, de uma maneira ou de outra, fizeram parte de nossas vidas. Lembremo-nos, ou não, deles.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Os intervalos da vida


Meu velho amigo Raul sempre diz que, na vida, vez por outra, temos que aportar em um cais. Eu ainda não escolhi o meu. Enquanto isso, vou fazendo pequenas paradas, conhecendo lugares, pessoas, músicas, línguas, comidas.

Esses pequenos intervalos da vida, que não correspondem ao cotidiano em absoluto, é que me ajudam a refletir e me inundam a cabeça de idéias.

Passar uma tarde inteira ouvindo música, sentada diante do mar, com um copo de vinho branco e uma carteira de cigarros... Isso para muitos seria perda de tempo. Para mim é viver.

Gosto desses momentos porque me ajudam a lembrar das coisas que realmente me importam. Não quero parecer uma “riponga” com discursos vazios de paz e amor. Mas também não quero tornar-me amarga. Não quero perder o sorriso nem deixar de brincar.

Quero poder vestir meus óculos Ray-Ban e ver tudo mais bonito.

Paris é igual à Pelotas

Prédios antigos, ruas de paralelepípedo, clima úmido, friozinho, chafarizes, pracinhas... o cheiro, o jeito, as cores, as árvores, a noite... Paris é igual à Pelotas.

Duas cidades lindas, tão parecidas mas tão diferentes...

Durante toda a minha estada na França, Pelotas sempre me vinha à cabeça. A atmosfera e o ar que respirei lá, só havia experimentado antes em terras gaúchas.

Fiquei hospedada, primeiro, num pequeno e charmoso apartamento nos arredores da Cidade Luz, perto de Versalles. Logo em seguida, fomos para Vilerville, uma pequena cidade com jeito de interior. Silêncio, velhos, mar, vento, frio, paz. E muito dinheiro. É uma cidadezinha bastante rica, caracterizada por seus cassinos enormes e seu porto, recheado de centenas de barcos de todos os tamanhos e modelos.

Tudo bem, não dá pra comparar com o Laranjal se nos fixamos no aspecto econômico da coisa. Mas se o enfoque for a sensação que esse tipo de lugar proporciona, aí sim, posso dizer que me senti na beira da Lagoa dos Patos.

Em Vilervile, a maré sobe e baixa muito velozmente. É tão rápido que, se você se distrai, perde o fenômeno. As águas, que antes chegavam bem pertinho da casa, em poucos minutos estão a uns trezentos metros de distância.

E isso me fez lembrar aquela antiga história da criança desaparecida no Laranjal. Naquele dia que, milagrosamente, as águas recuaram e devolveram aquele pequeno corpo inerte e sem vida. Foi como se Iemanjá tivesse escutado as preces de todos e resolvido dar fim à angústia que maltratava aquela gente.
Eles, enfim, poderiam enterrar o ente querido e chorar. Sofrer em paz.

O mar nos traz surpresas.

Da mesma forma que nos presenteia com peixes, algas, cores, vida, alegria e frescor; nos leva, vez por outra, relógios, anéis, colares, pulseiras, amigos.

Saudade de jogar flores pro mar...