sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Uma velha história


Caminhavam juntos, lado a lado. Fazia frio às margens daquele pequeno lago negro. Ele, apesar de saber de sua condição de mulher casada e de ser amigo de seu marido, se declarava apaixonadamente.

Ela, embora o pedisse que parasse, que respeitasse aquele santo matrimônio e os filhos frutos desse amor, gostava. Deliciava-se com as promessas daquele homem, tão forte e tão à mercê...

Ele, ao mesmo tempo em que lhe enchia de elogios e lisonjas, lhe pedia coragem. Coragem para reconhecer que deveriam estar juntos e não separados. Coragem para assumir verdadeiramente seus sentimentos e reconhecer que seu marido não passava de um acomodado que não reconhecia-lhe a beleza.

Ela, vaidosa, não era capaz de escutar-lhe a súplica. Concentrava-se em negar cegamente as juras de amor e admirar tamanha corpulência aos seus pés.

Ele queria entender o porquê de ela seguir encontrando-se com ele se, na verdade, não o amava. O que queria ela então? Fazê-lo sofrer, não permitir que ele pudesse esquecê-la? A vaidade faz parte, sim. Mas isso era crueldade. Nunca lhe havia dado uma resposta decisiva. Ele precisava de um sim ou de um não. Não exigia dela nada mais.

Mas ela, em sua ignorante presunção de mulher amada, não era capaz de compreender. Não queria parar de encontrar-se com ele. Era tão lindo, grande e frágil. Ajoelhava-se e implorava-lhe o amor. Num desejo tão grande... uma sensação que ela jamais havia sentido.

Precisavam um do outro. Ele, por ter descoberto, depois de tantos anos, o amor; o encantamento surrealista da paixão. Ela, por experimentar, por primeira vez, a idolatria de um homem e o prazer de ver-lhe ali, dia após dia, numa incansável luta de conquista.

Nenhum comentário: