sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Um desses apanhadores em campos de centeio




É foda. Eu odeio esse colégio e todos esses falsos. Não sei porque eles têm essa mania de andar em grupos. O grupo dos metidos à atleta, o dos galãs, o dos nerds, o dos roqueiros... Aff, não suporto.

O Oliveira, por exemplo, não lava os dentes. Eu não respeito uma pessoa que não lave os dentes. Não que desrespeite ele, eu até falo com ele, mas é que é foda. O cara não lava os dentes. Cara, eu não suporto isso. E vocês tinham que ver o dia que Pimentel falou na cara dele que ele era um porco. Ele ficou tão puto! E disse que era mentira, mas não é. Em um ano, nunca vi ele lavar os dentes. E se nota, porque tem a boca nojentona, com umas placas de comida velha entre os dentes.

Outro dia a gente tava na cantina e eu tive que mudar de mesa. Cara, não consigo comer perto dele. Ele come e fala e você pode ver a comida saindo pelos cantos da boca. Eu nunca na minha vida vi alguém comer tão feio. Aposto que vocês nunca viram alguém comer tão feio também.

Bom, mas eu tava falando que odeio esse colégio. Na verdade, acho que odeio todos os colégios. É sempre igual. Só muda mesmo o uniforme. É foda. Aonde você vai ta cheio de falsos. Eu quero mesmo é ir embora. Vou pra uma praia deserta e vivo por lá, pra sempre. Aí, se meus pais quiserem me visitar, eu deixo, mas com uma condição: na minha casa não aceito falsidades. E eu mando embora se alguém vier pra cima de mim com falsidade ou coisa que o valha.

Cara, vai ser massa, porque aí eu vou construir uma jangada e vou pescar. E vou viver numa cabana dessas de palha. Outra dia contei pra Sofia, minha irmãzinha, que estava de partida e ela começou a chorar e dizer que vinha comigo. Cara, foi foda. Eu expliquei que era algo que tinha que fazer sozinho, mas que ela podia me visitar. Vocês não imaginam! Ela ficou chateadíssima comigo, me virou as costas e passou quase duas horas sem falar comigo. Cara, ela me deixa boquiaberto. As crianças às vezes são tão impertinentes.

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